"Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba. "
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste."
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste."
Excerto do livro "Iracema"(1865) de José de Alencar (Messejana, CE-1829/Rio de Janeiro,RJ-1877 ). José de Alencar foi patrono da cadeira número 23, da Academia Brasileira de Letras, por escolha do próprio Machado de Assis. Esta cadeira foi ocupada durante quarenta anos por Jorge Amado e hoje pertence a sua esposa, Zélia Gattai.
Com estas palavras de José de Alencar, que enaltecem tanto sua personagem literária cearense: "Iracema"; passo a descrever sobre os trajes típicos usados pelas candidatas dos verdes mares bravios.
De 1955 até 1962, as misses não se apresentavam em trajes típicos no Miss Brasil.
A nossa primeira "Iracema" foi Vera Maria Barros Maia, Miss Ceará Internacional-Mundo-Universo 1963. Foto 2.
Nossa segunda "Iracema" foi a semifinalista Vera Lúcia Camelo, em 1969. Foto 3.
Em 1972, foi a vez de Ana Maria Bayma de Souza Kerth usar a nossa "Iracema". Foto 4.
E a última a usar este traje foi Maria Luísa Távora de Holanda, em 1977. Foto 5.
Infelizmente poucas misses quiseram homenagear nossa personagem literária mais famosa, muitas vão preferir as "Rendeiras", que falaremos noutro tópico. As "Iracemas Carnavalescas" não estão ilustradas aqui. Imagine uma "Iracema" de salto alto, pura heresia contra os princípios "alencarinos", assim como no samba, preferimos homenagear somente a "Iracema de Raízes".
No Miss Ceará Internacional/Universo 2007, as misses fizeram uma pequena coreografia e se apresentaram individualmente usando o traje da famosa "Iracema", sendo todas iguais, num conjunto bem interessante. Foto 1.
Fotos: 1 - Paulo Henrique Camelo; 2, 3 e 4 - Revista "O Cruzeiro" e 5 - Revista Manchete.
Nenhum comentário:
Postar um comentário